domingo, 11 de outubro de 2009

Carta Aberta do Fojune Baixada SP ao Fojune SP

Santos, 14 de setembro de 2009.
Carta Aberta do Fojune Baixada SP ao Fórum Paulista de Juventude Negra
Nós jovens negros e negras integrantes do Fórum Metropolitano de Juventude Negra da Baixada Santista- Fojune Baixada SP - reunidos em assembléia regional organizada no dia 07 de setembro de 2009 na cidade de Santos decidimos nos posicionar oficialmente em relação a alguns pontos que consideramos relevantes para o bom andamento dos processos de construção e reconstrução do Fojune SP e Fonajune diante das omissões individuais e coletivas dos pares militantes jovens negros..

Fojune Baixada SP

Estamos em meio a um dificultoso processo de reorganização interna e, por este motivo, em breve realizaremos um novo Encontro Regional de Juventude Negra – II Enjune Baixada Santista.
Desde o lançamento do Encontro Nacional de Juventude Negra – Enjune, realizado em 2007 na cidade Lauro de Freitas no estado da Bahia, o Fojune Baixada SP concentrou uma parte considerável dos seus esforços nas articulações e mobilizações estaduais e nacionais assumindo responsabilidades e compromissos tais que tiveram como conseqüências a realização do Lançamento do Fórum Nacional de Juventude Negra em julho de 2008 na cidade do Guarujá, região da Baixada Santista, articulações e mobilizações envolvendo as Conferências de Igualdade Racial e de Juventude e o Congresso Nacional de Negros e Negras do Brasil.
Considerando a conjuntura regional, sentimos a necessidade de repactuar nossas propostas e rever nosso plano regional de juventude negra, bem como rearticular e mobilizar nossas bases no que tange ao compromisso, formação e desenvolvimento de novas lideranças jovens negras. Esse posicionamento deve-se ao respeito que temos para com os próprios princípios que emanaram do Enjune e que desde então fazem parte do nosso modus operandi no que tange à atuação política, bem como à crença de que novos jovens possuem os mesmos direitos de vivenciarem as experiências, momentos e formações pelas quais passamos.
Isto posto, afirmamos estarmos firmemente compromissados com a nossa realidade regional por entendermos que somente teremos um Fórum Estadual consolidado e legítimo a partir do fortalecimento das ações regionais dos Fóruns Metropolitanos, Regionais e municipais.

Fojune SP

Devido ao fato de o Fórum Estadual de Juventude Negra – Fojune SP - estar desarticulado, consideramos que é urgente a realização de um novo Encontro Paulista de Juventude Negra – II Enjune SP onde, neste momento, ocorreria uma nova eleição de coordenadores estaduais (Fojune SP) e nacionais representantes de São Paulo (Fonajune).
É inviável a realização de uma campanha estadual contra o genocídio da juventude negra sem um Fórum Estadual articulado de fato e de direito; também não enxergamos neste Seminário noticiado via e-mail que ocorrerá no município de Tietê/SP a possibilidade de organização da campanha contra o genocídio da juventude negra e sim um modesto inicio de discussão da mesma.
Lembremos que a composição atual do Fojune SP é inchada e engessada com a presença de 33 (trinta e três!) coordenadores estaduais o que, decorrido muito tempo do lançamento do Fojune SP a 30/11/2007, ficou exposto que este formato de coordenação não é o ideal para a nossa realidade estadual.
Lembramos , também , que um seminário realizado sem uma mínima discussão das regiões componentes do Fojune SP e sem uma comunicação eficaz e organizada não terá a dimensão que um evento desta magnitude merece.
Sendo assim, por estes motivos não compareceremos a este seminário em Tietê, pois o formato proposto não propiciará com que o Fórum Estadual tenha um novo funcionamento muito menos a organização de uma campanha estadual contra o genocídio da juventude negra que respeite a opinião todos aqueles que compõem, ou já compuseram, o Fojune SP, o que se espera minimamente de qualquer ação coletiva em nível estadual.

Representação da Baixada Na Coordenação Nacional

Mesmo com a eleição de dois novos representantes para coordenação nacional do Fonajune no Guarujá, observamos que a desarticulação estadual, observada também em nível nacional, não propiciou uma adequada representatividade na coordenação nacional destes dois jovens negros no ano que se passou.
Após um ano de problemas diversos e falta de uma organização informacional e estrutural, temos uma coordenação nacional da qual verificamos que não conseguimos colaborar como se deve. Sendo assim optamos, enquanto Fojune Baixada SP, pela retirada do nome da nossa representante Izabel da coordenação nacional, porém reiterando que necessitamos de um momento de profunda reflexão estadual anterior à eleição dos novos representantes paulistas na nova coordenação nacional.
Sabemos de todos os impasses e problemas que enfrentamos em nossa organização interna, porém eleger dois/duas novos/as representantes em um seminário que só reserva pouco mais de trinta minutos para uma eleição desta importância também seria ingenuidade de uma juventude negra militante, combativa e referência como se é a juventude negra paulista.

Fonajune

De forma análoga ao que acontece no Estado de São Paulo o Fórum Nacional de Juventude Negra - Fonajune, também está desarticulado, e pó diversos motivos. Em razão disso, entendemos que se deva eleger novos coordenadores nacionais a partir da realização de novos Encontros Estaduais de Juventude Negra - Enjunes estaduais, ou de um novo Encontro Nacional de Juventude Negra, visto que se passou mais de um ano da eleição dos atuais coordenadores que em meio a um lançamento conturbado ocorrido no Guarujá, não se estabeleceu prazos explícitos de elegibilidade de representantes estaduais na coordenação nacional e se o foram a falta de uma organização informacional naufraga o entendimento daqueles que compõem os coletivos de jovens negros espalhados pelos estados brasileiros. Lembrando, também, que mesmo com o lançamento conturbado e o desencontro de informação, ficou decidido que o Enjune seria realizado bianualmente, em anos ímpares, evitando períodos eleitorais.
Ressaltamos, ainda, que o tamanho da nossa ousadia deve ser proporcional ao tamanho da nossa responsabilidade. Logo, uma prestação de contas e um relatório político referentes ao lançamento do Fonajune realizado no Guarujá são mais do que urgentes para que encaremos com seriedade e respeito esta articulação de juventude negra em nível nacional da qual fazemos parte e é referência dentro e fora do movimento negro brasileiro.
A eleição de novos coordenadores nacionais seria, para nós, a melhor forma de rearticular o FONAJUNE (mesmo porque um ano já se passou); repactuar as prioridades e até de botar na rua de forma efetiva e combatente uma campanha nacional contra o genocídio da Juventude Negra.
Mas vale ressaltar ainda que não acreditamos em uma campanha e em um Fórum sem a articulação de todas as juventudes negras, pois, para nós, o Fórum não é uma entidade que se autorepresente somente na pessoa de seus coordenadores nacionais, tampouco na de todos os jovens negros participantes. Ele deve estar aberto a todas as juventudes negras que através de seus representantes somente encaminham as decisões coletivas para as instâncias superiores. Deve ser o espaço de aglutinação dessas inúmeras realidades sempre com um papel ativo, propositivo, combativo e digno do nosso histórico de resistência.
Infelizmente colocamos dessa forma nossos posicionamentos tendo em vista a falta de organização, organicidade, direção e responsabilidade, das quais não negamos, pelo contrário assumimos, nossa parcela de culpa. Finalizando, fazemos voto de que ocorra um seminário produtivo e que consigamos um momento mais plural onde todos e todas contribuam na organização para que reiniciemos nossas atividades em nível estadual e que possamos contribuir verdadeiramente em nível nacional, algo que não estamos fazendo há algum tempo também.
Saudamos a todas e todos sempre lembrando que estamos por nossa própria conta.
Muito axé e muito respeito!!!

Fórum Metropolitano de Juventude Negra – Baixada Santista SP